Uma janela aberta e Deus

Uma janela aberta. A última. Antes dela, umas dez cobertas por cortina. Deus não é sinistro? Por alimentar nossa esperança pela simples visão do céu? Por nos dar meios de produção que se multiplicam em nossas mãos e mentes?
Mas estamos cobertos com a maldição da insatisfação. O egoísmo é sujo e ruim de se livrar. O céu é rarefeito. O abismo é quentinho.
Mas o que se pode fazer? Já se fez bastante… Música, poesia, arquitetura… Sim, fazendo o ar vibrar de certa forma… E as ideias rolarem, virarem, se articularem avidamente. Sim. E isso é só uma amostra. Inspiração. Tônica.
Mas jamais definitiva. A inspiração definitiva é o sopro de Deus sobre nós, quando cumprimos a sua vontade. Se tivermos aerogeradores sólidos poderemos, com sorte, nos tornarmos adictos a ele.
Para gerar e distribuir energia que combinasse com fornos artesanais e industriais, salutares secadores de cabelo e pilhas recarregáveis de brinquedos e objetos de fixação dos humanos em crescimento, máquinas terríveis como gravadores, câmeras, equipamentos de som, televisores, os magníficos e revolucionários computadores e até, pasmem, telefones celulares. Combinasse com esses aparelhos uma habilidade de uso sábio, astuto e puro.
O sopro de Deus não aceita desaforo e não volta vazio. Ele nos leva com as asas esticadas, em voos que testam o crivo do incrível, realizando o sonho do estômago, dos pulmões, do cérebro, do coração.
E de todo e qualquer membro ou órgão, que certamente não está lá à toa.

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