Pingam as últimas gotas de domingo.
Estou segurando uma onda como a arca de Noé,
guardando as sementes de um novo mundo.
Eu morrerei tentando me dissolver, ser natural.
A morte com certeza será.
A cidade de que sou natural
me é estranha, em sua própria simpatia.
Minhas três famílias são exuberantes
e bizarras.
Me identifico com obras sublimes,
mas sou também antipático, fresco, nefasto.
Ah! Sempre, sempre os restos
ridiculamente grandes
das minhas operações “perfeitas”.
Tenho que rir de mim,
me desmentir.
Nem posso saber o que é a perfeição,
mas desconfio de muita coisa.
E quero desenrolar a língua do meu ser
na qual me estou sufocando.
Essa língua de fogo que também é ação,
que pode ser alastrada pelo vento
de um Espírito livre: santo.
Meu querido amigo me disse:
“dê atenção às coisas ridículas.”
Que gênio! E ele também é um sonhador…
Outro amigo me disse:
“faça com boa vontade o que antes fazia com má vontade”.
E este também é um egoísta…
Sim, tudo isto…
Mas há também os chamados
o chamado da natureza para a serenidade,
o clamor dos irmãos que sofrem por justiça,
os chamados do meu corpo, os da alma…
É preciso saber o que se quer
e o que se dispõe a jogar fora.
Isso se chama liberdade.
E também se chama estilo!
O mero e o nada-menos-do-que único significado possível.
Um professor certa vez citou:
“O mundo é mais profundo do que vasto”.
E pode-se dizer, ainda:
“O céu está mais longe da terra do que
todas as distâncias que podemos imaginar aqui no planeta.”
E o sol também vige no centro da Terra.
Então, é corrida adentro!
E eu já vou garantir o meu torrãozinho,
Para escavar uma casa de tatu!
E finalmente, Buda chama ao despertar
Será que, desperto, posso ser natural?
Tudo parece depender de uma atitude interna,
de um salto num desses poços profundos
que temos dentro de nós.
Na verdade, no único.
Buraco negro:
tudo continua igual, só que diferente,
a dúvida que enfeiava sublimou,
virando rastro de luz que embeleza;
o que se perde é combustível para avançar.
Já estou lá?
Quem sou eu!
Arre, mas eu já escorreguei por aí
em neves sublimes que descambam pra lá!
Só é preciso fazer uma ideia minimamente elegante
desse Espírito Santo de tudo reinante,
ter calma para tatear seus movimentos
e um nariz delicado para farejar
os seus perfumes.