Escrevo para não morrer.
Ou para ressuscitar.
As palavras são relativamente fiéis
em funções de organizar
tudo,
entre o núcleo da terra
e as fronteiras do universo em expansão.
Aliás, o planeta base deve ser outro.
A palavra nos permite a tarefa sublime
e rara de sermos humildes.
Os significados guardam o mundo
de ser bem pior do que já é.
Os significados dão fôlego
para conquistas além
da imaginação do que seja possível.
As definições impedem
as pessoas de se engalfinharem.
Afastam o caos e a confusão.
Ouço música falando
“eu que não bebo pedi um conhaque…”,
“eu que não fumo, queria um cigarro…”…
E eu pensando: eu que não bebo, não vou pedir um conhaque.
Eu que não fumo, não vou vacilar.
Mesmo tendo envelhecido muito no último mês.
Já tenho um motivo para me sacrificar à sobriedade: um certo Jesus.
E sua mensagem de significado fiel e consequente.
Ainda que não saiba como e por quê…
Seu sofrimento deu alívio ao meu.
Sua alegria é um bálsamo para a alma.
Seu poder me faz despertar do túmulo.
Me permite atravessar o deserto em que
preciso negar prazeres milhares de vezes
para ter condição de comprar o Único prazer.
A pérola indestrutível, o que há de mais precioso.
O despertar e suas boas consequências
para a Vida real, fiel e consequente.