Um pé depois do outro,
uma palavra depois da outra.
Outro dia depois de um escroto,
no escuro se constrói a honra.
No escuro canta o grilo,
no escuro canta a cigarra.
Lá se pode ouvi-lo,
só no escuro se agarra.
Na treva insondável do coração,
acontece de tudo a explicação.
No breu insondável da mente,
revela-se, matura-se, apodrece ou vinga
cada razão,
mais ou menos demente.
Juízo de Deus: aerodinâmica!
Tudo que não plana desce.
Voa-se apenas com boa visão,
e essa depende de alguma sombra.
O que se pode fazer: cerâmica –
tão bela que suba como prece.
Os arquitetos celestes demandarão
de forma orgânica,
prânica,
uma parede que floresce,
iridesce!
Que lanterna poderá iluminar,
se Deus não se deixar enxergar?
Se Ele se compraz em revelar-se apenas…
Ele quer ver seus filhos saltando…
(E ilumina aqueles que o fazem).
Mas eles não podem compartilhar sua luz,
nem fazer outros saltarem…
(No escuro!)