
Não sou especialista em artes visuais, mas quero compartilhar minhas experiências visuais de forma amadorística e espontânea. Acredito que não deveríamos deixar de discutir obras de arte, com gosto e descontração, só por não conhecermos termos técnicos. Estou compartilhando comentários a respeito de obras selecionadas da exposição Mondrian e o Movimento Stijl, que continuará no Centro Cultural do Banco do Brasil de Belo Horizonte até o dia 26/09/16.
Apenas as obras com os nomes dos artistas não são de Piet Mondrian.

O girassol morrendo parece ter braços e pernas. Uma flor-mulher entregando-se ao devir. O desamparo da figura tem a beleza da resignação-silêncio dos seres que, sendo um com o cosmos (especialmente o sexo fértil), não se desesperam em entregar-se de volta aos seus desígnios.

Liberdade vertiginosa numa aglomeração harmoniosa de formas. Ligeiro caos familiar e vistoso. Triângulos e meias-luas elegantes. O quadro dá um prazer que cala fundo dentro de quem o vê. Ofuscamento em linhas e curvas, preto e branco. Formas engenhosamente armadas entre si.

O prazer da visão de formas e cores ressaltado em sua simplicidade, como o prazer de comer uma fruta e reconhecer o seu sabor. O azul se faz presente como algo que acompanha todo um lado do nosso ser. Véu sensual criado por luz intensa que nos cobre. O amarelo traz uma transcendência agreste como um pequi. O vermelho é grave como um sangramento, no topo de um elevador no alto de um prédio, é a própria essência vibrante e vulnerável da vida.

O farol liga a terra ao céu. Afina a medida que sobe, para fincar no ponto exato lá em cima. Parece também uma garrafa de cachaça. Que também pode levar uma pessoa a algumas fofas nuvens.

Decoração perfeita de um quarto de bebê. Amostra de figuras de formas aleatórias e cores essenciais, que dão sentimento reconfortante em sua combinação. Um prazer estético suave e escorrido salta de sua aparente insignificância.

Detalhe mondrianístico nas portas do CCBB: um toque terno que demonstra uma viva sensibilidade dos idealizadores da exposição.

O moinho à sombra. A energia invisível transformando-se em movimento visível. O movimento inteligível (exceto quanto ao primeiro movimento, que não está presente apenas no início do universo, mas também neste moinho) que transforma a matéria ininteligível.

Raio x colorido de um bosque? Visão da sagrada família vegetal? Um daqueles quadros que podem ser altivos de forma simultaneamente simétrica e assimétrica, dionisíaca e apolínea. Cada canto dele mostra uma beleza decidida dos traços e das cores. Obra insanamente genial. Condensação de uma exuberância absurda.

Ousadia da simplicidade figurativa. Um quadrado, uma linha, duas linhas, dois quadrados. Parecem formas aleatórias, e, no entanto, necessárias. O pequeno quadrado parece significar o extremo de um gráfico. O quadrado azul parece a primeira parte de uma simbologia, e o traço ao seu pé, sua continuação. Mas, acima de tudo, o quadro parece um jogo de criança. Jogo que reforça crescimento exponencial de sua sensibilidade e inteligência.