não pode ter preguiça de
colocar a meia luz,
se sabe muito bem
que é ela que faz
a noite azul.
não pode ter preguiça de
repetir o movimento:
é preciso edificar moinhos
que possam aproveitar o vento.
não pode ter preguiça de
tatear no escuro de si:
o que o cego sabe do mundo
é metade e o dobro
do que saberia o saci.
não pode ter medo de
reerguer-se um milhão de vezes:
nada é mais distante
do paraíso gostoso de Dante
do que as ondas invisíveis de teses
corrompidas, viciando neurônios
no bucho da mente.