Anotações sobre Oroboro

Documentário de Pablo Lobato sobre atividades curiosas de jovens estudantes no vale entre BH e Nova Lima. https://www.adorocinema.com/filmes/filme-1000021035

Só comentei em relação ao Grande Sertão porque não conheço a outra obra referência.

Os estudantes do “vale” estão mais amadurecidos do que muitos jovens dessa e de anterior época. Parece que a arte literária e dramática capturou o interesse deles. E esse interessar-se mesmo é um aprendizado fundamental.

É marcante, no filme, o momento em que os meninos passam barro no corpo e nos rostos. Agem quase sob uma volúpia de se integrarem ao “sertão”, ao mundo.

Zé Bebelo é bem representado por um adolescente que extravasa sua energia que, como ele, quer afirmar-se contestando padrões recorrentes.

A garota que representa personagem que quer matar Zé Bebelo expressa bem um ódio que vem das profundezas do sertão.

Os professores obtêm resultados ótimos com suas propostas de prática artística ligada à formação humana. O gosto pela criação (preciosa oportunidade) transparece na atuação dos jovens.

Os closes em partes dos corpos e dos rostos flagram pulsante alegria de descobertas do mundo e de si. Lembram a rarefação da leveza, proposta por Ítalo Calvino para o nosso novo milênio.

Os meninos se fazem responsáveis pela sua atuação, assumem uma carga da dor do personagem e da música e do mundo. Eles alcançam dar dignidade às suas representações.

Outro ponto interessante é o estranhamento do contraste entre o Sertão com os prédios no limite entre BH e Nova Lima. Seria esse o ponto em que a cobra abocanha o seu rabo (Oroboro)?

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